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Quarentena no Brasil


Essa foto é de quando fui à Brasília para filmar o longa @eusintomuito_filme, em 2018. Já tava tudo ao contrário no Brasil. Agora já nem sei que nome dar pra tudo isso que estamos vivendo.

Seguimos numa quarentena atrapalhada diariamente pelo incrível presidente eleito. E o Brasil segue aos trancos e barrancos.

Já são quase 30 mil mortos, e sabemos que há subnotificação. São muitas as pessoas em situação de vulnerabilidade, que não tem como ficar em casa para se proteger, ou que a casa não oferece a proteção necessária. O tempo se estende, a situação econômica piora ainda mais. Ta cada vez mais difícil ler o jornal e ouvir as declarações esdrúxulas daqueles que deveriam ser exemplo, mas são péssimos.

É muito duro assistir à manifestações pela retomada da economia quando morrem cada vez mais pessoas por dia. É revoltante continuar ouvindo o nome cloroquina no jornal. A insistência do mal. Jovens sendo baleados em suas casas nas favelas. No meio de uma pandemia.

O desgosto aumenta ainda mais quando assisto à entrevista da ex-Sra Secretária de Cultura em uma demonstração triste de ignorância dos seus deveres, como tal, em uma situação como essa. Por ela confundir a instância pública e privada, dizendo que não fez nenhuma declaração sobre a morte de artistas tão fundamentais na história da cultura brasileira porque não os conhecia pessoalmente (oi?) Também pelo chilique ao se ver questionada por uma colega de trabalho sobre suas responsabilidades. E agora, ela assume um cargo inexistente na cinemateca, deixando a cadeira que já não é ministério, mostrando ao que veio esse governo. Estamos a deriva.

Na saúde, foram dois ministros substituídos, sendo que até agora estamos sem Ministro da Saúde, em meio a uma Pandemia mundial.

O que é o mundo sem arte? O que é o mundo sem artista?

O que é o mundo sem pessoas?

Diante de tudo isso e mais um pouco, a gente tá passando aqui no Brasil por uma quarentena um tanto quanto conturbada. O processo de recolhimento natural sugerido pela situação, é atravessado por essas notícias. A quarentena está sendo atrapalhada pelo presidente e seu séquito. E a questão é, como ficar a par desse tudo que está acontecendo no nosso país e no mundo e manter a positividade, a vibração alta?

O grande ensinamento acredito que seja o treino da não identificação. Observar o mundo sem deixar que a emoção invada e te consuma... um suuuuper treino. Em alguns momentos me percebi em casa, extremamente irritada com determinadas situações políticas, mas o grande lance não é jogar fora essa sensações, impedir que elas aconteçam, fingir que elas não existem. O grande lance é reconhecer, acolher e, a partir desses sentimentos, transmutar. Dançar ajuda, cantar ajuda, meditar ajuda.

Esse é um treino pra vida!! Pra tudo na vida. Manter-se positivo e ter fé, nos libera da necessidade de controle. Quando compreendemos que tudo está acontecendo por um objetivo maior que é a evolução, de cada um de nós e da humanidade como um todo, passamos a enxergar as coisas de outro modo, de que forma posso melhorar com tudo isso? O que eu preciso mudar em mim? Como eu posso contribuir para a mudança?

A dança das cadeiras no mundo vai continuar, muitas coisas a gente vai continuar não concordando, mas a nossa postura diante de tudo pode se modificar.

Não estou dizendo que isso é fácil. E tampouco estou dizendo que temos que ser feliz o tempo todo!!! Até mesmo a compreensão desse ser feliz se modifica nesse processo, porque a busca já não é mais pela felicidade eufórica, que também é muito boa de sentir, mas uma felicidade constante que permeia todo o viver. Nessa felicidade, cabe inclusive a raiva, a negatividade, a tristeza... ela acolhe tudo e devolve a sutileza da percepção.

Seguimos.




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